Desde 74'

Há 50 anos Maria da Conceição da Silva Ferreira e seu marido António Augusto Portas Salgado inauguraram a Confeitaria Kibom.

Ma da Conceição acompanhou os pais (Albina e Joaquim Ribeiro Ferreira)

com 10 meses de idade para as novas instalações desta Rua Dr. Abílio Torres, após o falecimento da avó Joaquina (1922), criadora do então já famoso pão de ló coberto de Vizela, estabelecida uns metros adiante naquela mesma rua.

Nascida em Março de 1874, Joaquina Pedrosa Ferreira da Silva, habilidosa doceira das Terras de Vizella durante muitas épocas termais percorreu Festas e Romarias com os seus biscoitos, cavacas e outros doces cobertos de açúcar. Ao pão de ló cozido em forma redonda de barro deu, mais tarde, por influência do vizinho latoeiro (J.Cunha) o formato retangular.

Escreveu-se no Relatório da Exposição Concelhia de Guimarães de 15 de Junho de 1884 que o "bolinhol" apresentado por Ma dos Prazeres Ribeiro Varandas e Ma Mendes Lucas exposto no 1o andar do Palácio de Vila Flor fôra confecionado em pequenas formas de olaria dos industriais António

José da Costa Rainha e António José Alves da Costa Guimarães presentes na 3a sala do referido Palácio. Assim, a palavra bolinhol dá crédito ao seu próprio significado de "bolo mais pequeno do que" pois o hábito segundo documentos alusivos aos grandes manjares da época, contemplava o pão

de ló de maiores proporções. Acredita-se, por narrativas familiares que foi no ano de 1908 que as vendas do doce aumentaram. Pelos 15 anos de Albina, filha de Joaquina, a oferta de um fogão semi-industrial viria

a proporcionar maior produtividade, maior representatividade no mercado e uma maior promoção.

O "Bolinhol" aparece associado à doceira vizelense que recorre a panos de linho tosco (o linhol) para melhor transportar e proteger o seu frágil doce. As pessoas pediam, então, o bolo-do-linhol.

Os dois irmãos de Ma da Conceição completam a 3a geração. Respetivos filhos acrescentam uma 4a geração à árvore genealógica da Família Ferreira. José

herdou a casa dos pais que, por falecimento inesperado

(1991) passou a ser gerida por seu genro e filha. Esta viria a falecer, também, em 2012

dando lugar à 5a geração, hoje presente.

"A História do Bolinhol de minha mãe, Ma da Conceição, viajou até ao Rio de Janeiro, em finais da década de 60. "Qui bom" proferido ao ritmo de cada dentada com o sotaque brasileiro viria a sugerir o nome para, já regressados a Portugal, meus pais o atribuíssem à nova confeitaria, inaugurada a 7 de Abril de 1974".

Foram muitos os eventos que nos proporcionaram!

O carinho pelo fabrico, religiosamente respeitado, fez da nossa ímpar qualidade disparar convites para participação em Feiras representativas do doce da região; em Concursos, um dos quais (Nacional) nos conferiu um primeiro prémio; Workshops, nomeadamente na Fil- Lisboa/2004 O prestigio alcançado por minha mãe Ma da Conceição, foi ponte de contactos muito valorativos com gastrónomos do panorama Nacional, citando Ma de Lourdes Modesto, escritora de inúmeros livros de culinária, defensora de receitas " à portuguesa", Senhora de um saber de excelência. Nomeio, também, o Sr Engo Leite Gomes, o Dr Paulo Sá Machado, Chefe Silva e o grande amigo Dr Virgílio Gomes.

Eu, Ma de Fátima, uma dos muitos netos dos avós Albina e Joaquim com quem partilhei infância e adolescência, a quem muito devo na formação do meu carácter, não me resta senão continuar esta caminhada de cheiros e sabores nobres apreendidos de forma intensa.

A confeitaria Kibom designada, desde 2006, Casa do Bolinhol- Memória do Doce (em respeito a uma memória coletiva) confeciona o Bolinhol, só e apenas, com ingredientes puros, como ovos de casca, de gramagem certa, dignificando, assim, a autenticidade do ex-libris regional, receituário comprometido por uma 5a e 6a gerações já vocacionadas para a continuidade.

O pão de ló de Vizela, onde se inscreve Bolinhol Kibom viu-se agraciado

pelo concurso promovido pela RTP 1 correspondendo ao empenho camarário e esforço coletivo dos vizelenses.